1º/06/2014, às 16h06
A dissertação, tese e artigo científico não podem ser utilizados para falsear ou enganar. Afinal, eles são preparados por pessoas cultas e, portanto, escritos pelos próprios pesquisadores, não por outrem. Talvez, em 2050, ou no fim deste século, ou quem sabe no início do século XXII, seja explicada a evolução do modo de "aceitar" e preparar tese e artigo científico:
- 1996:
abertura de novos cursos pelo MEC e advento do “Provão” com o ministro da
Educação, Paulo Renato.
- 1996-2003: início da comercialização dos softwares que detectam possíveis plágios.
- 2017-2025: mais rigor em algumas instituições de ensino para o aceite de trabalhos de
conclusão de curso (graduação) e nas monografias dos cursos de
especialização (lato sensu), com o zelo necessário e garantia de
aprendizado pelo candidato. Destaque para o início da conscientização dos
estudantes e pesquisadores, conforme desejam alguns professores
orientadores, no que se refere às boas práticas em pesquisa, ou seja, criação de cultura de integridade ética de pesquisa.
- 2026-2030: o "apagão" de profissionais qualificados de graduação em algumas áreas, como
já visto em anos anteriores, estimula o MEC a rever a atribuição de
títulos de graduação, mestrado e doutorado, bem como a ética em pesquisa.
- 2031: as instituições de ensino superior apenas poderão conferir os graus de graduação, mestrado e doutorado após confirmação do MEC de que cada trabalho está de acordo com os seguintes parâmetros:
a) Baseia-se em uma Ideia central
(Problema central);
b) Contém contribuições teóricas ou
práticas relevantes;
c) A Hipótese está ajustada ao Objetivo do
estudo ou Problema central;
d) Existe análise bibliográfica atualizada
e pertinente à pesquisa;
e) O Método e os procedimentos utilizados
são adequados ao Objetivo do estudo ou Problema central;
f) O Objetivo do estudo e o Problema central (Ideia de pesquisa) propostos pelo pesquisador são capazes de responder à proposição principal e testar as Hipóteses;
g) Os Resultados são autênticos;
h) A redação atende aos requisitos da linguagem científica.
i) Integridade em pesquisa científica aprovada.
f) O Objetivo do estudo e o Problema central (Ideia de pesquisa) propostos pelo pesquisador são capazes de responder à proposição principal e testar as Hipóteses;
g) Os Resultados são autênticos;
h) A redação atende aos requisitos da linguagem científica.
i) Integridade em pesquisa científica aprovada.
- 2035: corrida científica internacional estabelece padrões de qualidade para os programas brasileiros de graduação, mestrado e doutorado prepararem seus candidatos.
Quem sabe, algumas mudanças ocorram
mais rapidamente do que outras, e os pesquisadores da área da saúde sejam os
primeiros a ser conscientizados para a importância dos recursos da redação
científica e para a pesquisa em si.
Atualmente, a falta de compreensão de
certos procedimentos teóricos faz com que o estudante ou o pesquisador não
consiga redigir o trabalho de modo eficaz, o que o impede de avançar em
diversos campos. Por exemplo, sem a fundamental Introdução, que é diferente da
Revisão da literatura (ainda que na dissertação e tese no formato de artigo, ela seja colocada no capítulo introdutório), o trabalho
transmite fragilidade e ganha ares de lugar-comum, de clichê. A ausência da
Introdução (apresentar o trabalho para o leitor, situar o Problema central com
breve evolução cronológica de modo a aprofundar os conhecimentos já existentes,
expor a Justificativa etc.) em uma ou duas páginas pode representar que o
pesquisador não tem clareza do trabalho e que tem dificuldades para explicá-lo,
mesmo conhecendo muito sobre a parte prática.
Apesar da importância da adoção de procedimentos padronizados, tenho observado, de modo geral, que os
pesquisadores mais criativos são aqueles que se afastam dos “modelos”
corriqueiros de preparação da tese e do artigo científico.
O que cabe aqui, apesar de ser um
pensamento repetido diversas vezes, é que quando se fala do futuro, o
futuro muda, porque cada um de nós pode mudá-lo.
Se os sábios conhecem a pluralidade de
causas, estão convictos de que a sabedoria não pode ser “repassada”. É um bem
imaterial, portanto, os filhos não a herdarão, mesmo que herdem os bens
materiais (dinheiro, propriedades, entre outros).
Pedro Reiz